Tempo frio, caldos quentes.
Este creme é muito suave e muito agradável. Económico, é também uma das suas qualidades.
O que preparar:
- 0,5 Kg de batatas descascadas e partidas em cubos;
- 1 couve flor;
- 50g de manteiga;
- 1 cebola;
- 1,5l de caldo de legumes.
Como preparar:
Lavar bem a couve flor e separar os talos das “pontinhas”. Descascar as batatas e partir em cubos.
Picar a cebola e levá-la ao lume juntamente com a manteiga, sem deixar alourar. Juntar os talos da couve flor, bem como as batatas. Mexer e juntar o caldo. Deixar levantar fervura e deixar cozer os legumes. Quando estiverem cozidos, triturar bem até ficar com uma consistência cremosa. Temperar com sal.
Entretanto, levar ao lume, num tachinho, as pontinhas dos talos juntamente com uma colher de manteiga e o mínimo possível de água. Deixar cozinhar cerca de 8’ em lume brando. Verter para o creme.
Servir quente.
Mãos à obra.
Entretanto,queria deixar aqui um apontamento,no sentido de esclarecer a minha posição acerca do novo acordo ortográfico.
Algumas pessoas têm-me abordado com estranheza por eu não o ter adoptado.
Transcrevo a seguir algumas partes de um artigo do Miguel Esteves Cardoso (MEC), datado de 1986, e acerca de um acordo ortográfico de então que, não obstante terem piada, não deixam de fazer todo o sentido. Faço das suas palavras, as minhas palavras.
E mais não digo.
"Dantes, cada país exercia o direito inalienável de escrever a língua portuguesa como queria. As variações ortográficas tinham graça e ajudavam a estabelecer a identidade cultural de cada país. Agora, com o Acordo Tortográfico, a diferença está em serem os Portugueses a escreverem como todos os outros países querem."
"Os Portugueses, no fundo, assinaram um Pacto Ortográfico que soube a Pato. Ninguém imagina os Espanhóis, os Franceses ou os Ingleses a lançarem-se em acordos tortográficos, a torto e a direito, como os Portugueses. Cada país – seja Timor, seja o Brasil, seja Portugal – tem o direito e o dever de deixar desenvolver um idioma próprio, Portugal já tem uma língua e uma ortografia próprias. Há já bastante tempo. O Brasil, por sua vez, tem conseguido criar um idioma de base portuguesa que é riquíssimo e que se acrescenta ao nosso. Os países africanos que foram colónias nossas avançam pelo mesmo caminho. Tentar «uniformizar» a ortografia, em culturas tão diversas, por decretos aleatórios que ousam passar por cima dos misteriosos mecanismos da língua, traduz um insuportável colonialismo às avessas, um imperialismo envergonhado e bajulador que não dignifica nenhuma das várias pátrias envolvidas. É uma subtracção totalitária."
"A ortografia brasileira tem a sua razão de ser, e a sua identidade própria. Quando lemos um livro brasileiro, desde um «Pato Donald» ao Guimarães Rosa, essas variações são perfeitamente compreensíveis. Até achamos graça, como os Brasileiros acham graça à nossa. Tentar «uniformizar» artificialmente a ortografia, para além das bases mínimas da Convenção de 1945, é da mesma ordem de estupidez que pretender que todos aqueles que falam português falem com a pronúncia de Celorico ou de Salvador da Bahia. É ridículo, é anticultural e é humilhante para todos nós. Se não tivessem já gozado, era caso para mandá-los gozar com o Camões."
"As línguas são indissociáveis das culturas e das histórias nacionais, e elas são diferentes em todos os países que hoje falam português à maneira deles. A maneira deles é a maneira deles, e a nossa é a nossa. A única diferença é que Portugal já há muito achou a sua própria maneira, tanto mais que a pôde ensinar a outros povos, e é um ultraje e um desrespeito pretender que passemos a escrever como os Moçambicanos ou como os Brasileiros. Eles são países novinhos. Nós somos velhinhos. E não faz sentido ensinar os velhinhos a dizer gugudadá, só para que possam «falar a mesma língua» que as criancinhas."
"Dizem que é «mais conveniente». Mais conveniente ainda era falarmos todos inglês, que dá muito mais jeito. Ou esperanto. Dizem que a informática não tem acentos. É mentira. Basta um esforçozinho de nada, como já provaram os Franceses e já vão provando alguns programadores portugueses. Dizem que é mais racional. Mas não é racional andar a brincar com coisas sérias. A nossa língua e a nossa ortografia são das poucas coisas realmente sérias que Portugal ainda tem. É irracional querer misturar a política da língua com a língua da política.
O que vale é que, neste mesmo momento, muitos Portugueses – escritores, jornalistas e outros utentes da nossa língua – estão a organizar-se para combater esta inestética monstruosidade. Que graça tinha se se fizesse um Acordo Ortográfico e nenhum português, brasileiro ou cabo-verdiano o obedecesse. Isso sim, seria um acordo inteligente. Concordar em discordar é a verdadeira prova de civilização."